terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Lúpus e Problemas nos Rins


John H. Klippel, M.D.
Clinical Director, National Institute of Arthritis and
Musculoskeletal and Skin Diseases,
National Institutes of Health Bethesda, MD

Jennifer M. Glunz
Dubuque, IA

Nefrite Lúpica (ou glomerulonefrite lúpica) é o termo médico para a doença dos rins que ocorre no lúpus eritematoso sistêmico (LES). Estima-se que cerca de um terço dos pacientes com lúpus venha a desenvolver nefrite, o que requer uma avaliação médica e o respectivo tratamento. A nefrite lúpica é um sintoma importante e potencialmente grave no lúpus.

Curso Clínico da Nefrite Lúpica
Existem poucos sinais ou sintomas da nefrite lúpica. Ela não causa dor no abdômen ou nas costas, e nem dor ou ardor na hora de urinar. Na nefrite lúpica, a perda de proteína na urina pode levar à retenção de fluidos com ganho de peso e inchaço (edema). Isto pode resultar em inchaços nas pernas, tornozelos e/ou dedos. Esse inchaço é freqüentemente o primeiro sintoma da nefrite lúpica notado pelo paciente.
O curso clínico da nefrite lúpica é altamente variável. Normalmente a nefrite lúpica é evidente apenas através da análise da urina. Em muitos pacientes, as anormalidades urinárias são muito poucas e podem estar presentes em um exame e ausentes em outro logo a seguir. Este tipo de nefrite lúpica é muito comum e, geralmente, não requer uma avaliação médica ou tratamento especiais. Contudo, em alguns pacientes, as anormalidades na urina persistem e podem piorar após algum tempo. Pacientes com esse tipo de lúpus correm o risco de falência renal. Podem ser precisos exames adicionais para avaliar a extensão da doença e para determinar a melhor forma de tratamento.
É importante reconhecer que nem todos os problemas nos rins de pacientes com lúpus são devidos à nefrite lúpica. Por exemplo, infecções no trato urinário com sensação de ardor ao urinar são muitos comuns nos pacientes com lúpus e requerem um tratamento à base de antibióticos. Da mesma forma, medicamentos usados no tratamento do lúpus podem produzir sinais e sintomas de problemas nos rins que podem ser confundidos com a nefrite lúpica. Compostos de salicilatos, como a aspirina, ou drogas antiinflamatórias não esteroidais são os medicamentos mais comuns usados por lúpicos que podem causar problemas aos rins. Essas drogas podem causar diminuição da função renal ou retenção de fluidos. Esses problemas normalmente desaparecem quando a medicação é descontinuada.

Exames Para Avaliar a Nefrite Lúpica
Existem vários tipos de exames para avaliar o envolvimento dos rins de um paciente com lúpus.

Urinálise
O exame de urina é, de longe, o mais simples e mais comum método para avaliar a nefrite lúpica. Nesse exame, uma amostra da urina é analisada para verificar a presença de proteínas e células sangüíneas que não seriam encontradas numa amostra comum. As proteínas ou células sangüíneas podem se formar dentro dos túbulos dos rins, sendo excretadas na urina como "casts". "Casts" são identificados ao examinar a urina em um microscópio. A presença de proteína (proteinúria), hemácias (hematúria), leucócitos (leucocitúria) ou "casts" na urina, sugere a possibilidade da nefrite lúpica e geralmente indicam a necessidade de maiores exames.

Exames sangüíneos
A principal função dos rins é livrar o corpo de dejetos e do excesso de fluidos. Exames de sangue podem ser feitos para medir se os rins estão desempenhando esta função adequadamente. Uréia e Creatinina são dois exames usados para determinar se os dejetos estão sendo adequadamente removidos pelo rins e não estão se acumulando no sangue. A perda de proteína na urina diminui seus níveis no sangue, sendo tipicamente medida pela albumina. Desequilíbrios de sal e água no sangue são detectadas por exames químicos como os de sódio, potássio e bicarbonato.
Os exames de sangue também podem ser feitos para detectar anormalidades do sistema imunológico que são normalmente observados em pacientes com nefrite lúpica. Medir os níveis de Complementos (C3, C4) e anti-DNA no sangue, são exames comumente usados por muitos médicos para monitorar a nefrite lúpica.

Urina 24 horas
Os exames feitos na urina coletada num período de 24 horas são significativos para determinar o envolvimento renal no paciente com lúpus. Esses exames medem a habilidade dos rins de filtrar dejetos (Clearance de Creatinina), e a quantidade exata de proteína perdida na urina no período de 24 horas.

Exames de raio-X
O tamanho e formato dos rins pode ser determinado por uma pielografia. Esses exames são normalmente feitos antes de uma biópsia renal para ajudar o médico a realizar esse procedimento.
Biópsia renal
Uma biópsia renal pode ser realizada em pacientes com evidência de nefrite lúpica demonstrada pelos exames de sangue e urina. A biópsia é realizada para confirmar o diagnóstico e para determinar a extensão e a gravidade do problema renal. Essa biópsia requer internação do paciente. Normalmente é feita com a introdução de uma agulha através da pele nas costas do paciente para a retirada de um pequeno pedaço do rim. Em ocasiões muito raras, a biópsia precisa ser realizada cirurgicamente em uma sala de operações.
A amostra do rim obtida na biópsia é examinada em um microscópio para determinar quanta inflamação e/ou danos permanentes estão presentes nos rins. Esses resultados são usados para classificar o tipo de nefrite lúpica. Os quatro tipos mais comuns são: nefrite mesangial, nefrite proliferativa focal e segmentar, nefrite proliferativa difusa e nefrite membranosa. Conhecer o tipo de nefrite lúpica é importante para determinar a melhor forma de tratamento.

Tratamento
A terapia da nefrite lúpica deve ser individualizada, de acordo com as necessidades do paciente específico. Fatores como a quantidade de edema (inchaço), anormalidades urinárias, quantidade de proteína na urina, redução da função renal, além dos resultados da biópsia, devem ser levados em consideração na hora de decidir pelo tratamento. Princípios gerais de controle médico dos rins são extremamente importantes na nefrite lúpica. Isso inclui o uso de agentes diuréticos que ajudam a eliminar o excesso de fluidos, drogas contra a hipertensão para controlar a pressão sangüínea, e mudanças na dieta para controlar a ingestão de sal, proteínas e calorias.
As duas mais importantes formas de terapia usadas no tratamento específico da nefrite lúpica são corticóides para controlar a inflamação nos rins, e drogas imunossupressivas para diminuir a atividade do sistema imunológico.
Os corticóides, como Prednisona, Prednisolona ou Metilprednisolona (Medrol), são usados com freqüência para tratar da nefrite lúpica. Embora os corticóides tenham sido usados por quase quatro décadas no tratamento da nefrite lúpica, ainda existem muitas questões sem resposta, do tipo: como eles atuam e como podem ser usados de forma mais efetiva. No geral, altas doses de corticóides, tomadas por via oral ou intravenosa, são ministradas até que uma melhora seja verificada. A dose de corticóides é então lentamente diminuída até que uma cuidadosa observação médica determine que a nefrite não piore.
Altas doses de corticóides, ou mesmo quando ministrados por um longo período, podem causar uma série de efeitos colaterais. Eles incluem um aumento de apetite e retenção de fluido com conseqüente ganho de peso, inchaço na face, suscetibilidade a ferimentos, alterações de humor, além do aumento no risco de infecções e diabetes. Alguns desses efeitos colaterais podem ser minimizados pela mudança na dieta, como redução da quantidade de calorias seguida de uma dieta com baixo teor de sal.
Drogas citotóxicas ou imunossupressivas como a azathioprine (Imuran) ou ciclofosfamida (Cytoxan) são normalmente usadas em pacientes que não respondem ao uso de corticóides. Essas drogas bloqueiam as funções do sistema imunológico para prevenir maiores danos aos rins. Existe uma clara evidência em pesquisas de que essas drogas sejam benéficas para pacientes com grave nefrite lúpica. Contudo, o uso dessas drogas é controverso, principalmente devido às sérias complicações associadas ao seu uso.
Surgem várias terapias experimentais para a nefrite lúpica, sendo temas de intensa investigação. Essas terapias incluem o uso de novas drogas imunossupressoras como a cyclosporine, a remoção de anticorpos associados à nefrite lúpica através da plasmaferese seletiva, e a administração de agentes biológicos que suprimem o sistema imunológico.

Insuficiência Renal
Apesar do tratamento apropriado, alguns pacientes com nefrite lúpica desenvolvem uma progressiva perda da função dos rins com conseqüente insuficiência renal. Isso requer o suporte da função renal através do uso de diálise artificial, que pode ser feito através da hemodiálise, na qual o sangue passa em uma máquina de diálise para ser filtrado, ou através de um processo chamado diálise peritoneal, no qual o fluido é introduzido na cavidade abdominal e subseqüentemente removido. Finalmente, o transplante de rins tem obtido muito sucesso em pacientes com insuficiência renal causada pela nefrite lúpica, eliminando a necessidade da diálise artificial.
Nas últimas décadas têm havido muitos avanços na compreensão do que causa a nefrite lúpica e, principalmente, avanços nos métodos de tratamento dos pacientes.

sábado, 28 de agosto de 2010

Lúpus


Entrevista com Dr. Samuel Kopersztych, médico reumatologista e trabalha no Hospital das Clínicas da USP e no Hospital Sírio-Libanês de São Paulo

O que é Lúpus?
Lúpus é uma doença rara, mais freqüente nas mulheres do que nos homens, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico, exatamente aquele que deveria defender o organismo das agressões externas causadas por vírus, bactérias ou outros agentes. No lúpus, a defesa imunológica se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, confundem o diagnóstico.
Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especialistas. Pessoas tratadas adequadamente têm condições de levar vida normal. As que não se tratam, acabam tendo complicações sérias, às vezes, incompatíveis com a vida.
  • Doença auto-imune
    DrauzioO lúpus eritematoso é uma doença de auto-agressão, uma doença auto-imune. Quais as principais características da doença auto-imune?


    Samuel Kopersztych – A doença auto-imune é fundamentalmente caracterizada pela formação de auto-anticorpos que agem contra os próprios tecidos do organismo. Por isso, o nome auto-agressão, às vezes, é mais feliz. O paciente, geralmente do sexo feminino, fabrica substâncias nocivas para seu organismo. O anticorpo, que é um mecanismo de defesa, passa a ser um mecanismo de auto-agressão nessas pacientes. Portanto, o que caracteriza a doença auto-imune é a formação de anticorpos contra seus próprios constituintes. 

    DrauzioTeoricamente, esses anticorpos podem agredir qualquer tipo de tecido e provocar as mais variadas doenças?

    Samuel Kopersztych – Eles podem agredir qualquer tipo de território. De modo geral, a maior agressão ocorre no núcleo da célula, graças ao aparecimento de vários auto-anticorpos contra substâncias presentes em seu interior.
    Entretanto, o mais importante não é o anticorpo isoladamente. Do ponto de vista anatomopatológico, o que define a auto-imunidade nos tecidos é a formação dos chamados complexos imunes.

  • Orientações às pacientes
    Drauzio KopresztychSumariamente, que cuidados devem tomar as mulheres com lúpus?

    Samuel – Ela deve proteger-se da radiação solar e usar fotoprotetor mesmo na cidade, porque não é só na praia e na piscina que o sol é intenso.
    Deve procurar engravidar com parcimônia e sob grande supervisão. Deve tomar cuidado com a administração de pílulas anticoncepcionais, pois aumento nos níveis de estrógeno pode desencadear novo surto da doença. É importante, também, tomar cuidado para não contrair infecções. Evitar grandes conglomerados ou agrupamentos de pessoas e doentes com doenças infecciosas que possam ser transmitidas é uma precaução válida e indispensável.
    Além disso, é preciso estar atento ao psiquismo da paciente lúpica que se altera muito com a doença. Às vezes, a primeira manifestação é um surto psicótico ou de ansiedade. Portanto, o equilíbrio emocional é meta importante na vida dessas mulheres.

  • Complexos imunes
    DrauzioO que é complexo imune?

    Samuel Kopersztych – A paciente que tenha a etnia lúpica, ou seja, formação genética constitucional que a predispõe a desenvolver lúpus, já possui auto-anticorpos em grande quantidade. Quando uma substância vinda do exterior une-se a eles, forma-se o complexo antígeno-anticorpo. Isso ativa um sistema complexo de proteínas chamado de complemento e leva à formação dos complexos imunes, cuja concentração dita a gravidade e o prognóstico da doença, porque eles se depositam no cérebro e nos rins, principalmente.
    O complexo imune depositado no rim inflama esse órgão, produzindo a nefrite lúpica, importante para determinar se a doente vai viver muitos anos ou ter a sobrevida encurtada. 


    DrauzioQual é a substância exterior que mais agride essas pacientes?

    Samuel Kopersztych –A radiação solar, em especial os raios ultravioleta prevalentes das dez às quinze horas, é a substância exterior que agride as pessoas que nasceram geneticamente predispostas. Em estudos conduzidos no HC, foi possível detectar inúmeros casos de pacientes que tinham o primeiro surto logo após ter ido à praia e se exposto horas seguidas à radiação solar. Em geral, eram pacientes do sexo feminino, já que a incidência de lúpus atinge nove mulheres para cada homem. Nos Estados Unidos, há maior prevalência entre as mulheres negras; no Brasil, verifica-se equivalência de casos em brancas e negras.
  • Correlação entre os sistemas de imunidade e endócrino
    Drauzio Você disse que 90% dos casos de lúpus ocorrem em mulheres. Os hormônios sexuais desempenham algum papel nessa doença?

    Samuel Kopersztych – É fundamental estabelecer uma correlação entre o sistema de imunidade, de defesa do organismo, com o sistema endócrino. O estrógeno (hormônio feminino) é autoformador de anticorpos e a testosterona (hormônio masculino) é baixo produtor. O estrógeno é sinérgico à produção de auto-anticorpos e a testosterona supressora. Na mulher lúpica, ocorre excesso de sinergismo, ou seja, excesso na produção de anticorpos, que se traduz pela taxa elevada da proteína gamaglobulina nos exames de laboratório. 

    DrauzioSe suprimir a produção de estrógeno, a mulher melhora da doença?

    Samuel Kopersztych – Infelizmente o que acontece com os animais de experimentação, cujos sintomas melhoram com a administração de hormônios masculinos, não se repete nas mulheres. Mulheres lúpicas que tomam hormônio masculino masculinizam-se nesse período, sem manifestar nenhum efeito terapêutico importante.
  • Critérios de diagnóstico
    DrauzioQue indícios podem fazer uma pessoa desconfiar que está com lúpus?

    Samuel Kopersztych – Havia grande confusão diagnóstica em relação ao lúpus até a Sociedade Americana de Reumatologia enunciar onze critérios de diagnóstico, em 1971. A mulher que preencher quatro deles seguramente tem a doença.
    Os dois primeiros referem-se à mucosa bucal. Entre outras lesões orais importantes, aparecem úlceras na boca que, na fase inicial, exigem diagnóstico diferencial com pênfigo, uma doença freqüente em países tropicais. Pode ocorrer também mucosite, uma lesão inflamatória causada por fatores como a estomatite aftosa de repetição, por exemplo.
    O terceiro critério envolve a chamada buttefly rash, ou asa de borboleta, que muitos admitem como o critério mais importante, mas não é. Trata-se de uma lesão que surge nas regiões laterais do nariz e prolonga-se horizontalmente pela região malar no formato da asa de uma borboleta. De cor avermelhada, é um eritema que geralmente apresenta um aspecto clínico descamativo, isto é, se a lesão for raspada, descama profusamente.
    O quarto critério é a fotossensibilidade. Por isso, o médico deve sempre investigar se a paciente já apresentou problemas quando se expôs à luz do sol e provavelmente ficará sabendo que mínimas exposições provocaram queimaduras muito intensas na pele, especialmente na pele do rosto, do dorso e de outras partes do corpo mais expostas ao sol nas praias e piscinas.
    O quinto critério é a dor articular, ou seja, dor nas juntas, geralmente de caráter não inflamatório. É uma dor articular assimétrica e itinerante que se manifesta preferentemente nos membros superiores e inferiores de um só lado do corpo e migra de uma articulação para outra. Geralmente, é uma dor sem calor nem rubor (sem inchaço, nem vermelhidão), os três sinais da inflamação. Há casos, porém, em que os três sintomas se fazem presentes. 


    DrauzioQuais as articulações mais atingidas?

    Samuel Kopersztych – Preferentemente, as articulações dos membros superiores. Acomete punho, cotovelo, ombro e dedos das mãos, como se fosse um quadro de artrite reumatóide. Portanto, a artralgia, às vezes a artrite e excepcionalmente a inflamação estão presentes no primeiro surto de 90% das pacientes. Por isso, elas procuram os reumatologistas, médicos que se especializaram no assunto. Se a paciente não apresenta dor articular, o diagnóstico clínico fica em suspenso. 

    DrauzioSão dores fortes que obedecem a um ritmo diário?

    Samuel Kopersztych – Não há rigidez matutina como na artrite reumatóide. É uma dor migratória não muito intensa. Isso, muitas vezes, retarda o diagnóstico, porque a paciente entra em remissão e não procura o médico. 

    Drauzio E o sexto critério, qual é?

    Samuel Kopersztych – O sexto critério, e um dos mais importantes, é a lesão renal. Paciente com lesão renal acompanhada de hipertensão no primeiro surto tem prognóstico mais reservado. A hipertensão arterial denota que surgiu um processo inflamatório nas membranas das estruturas envolvidas no sistema de filtração do sangue que atravessa os rins e a paciente é acometida por glomerulonefrite.
  • Incidência de penias
    Drauzio E o oitavo critério?

    Samuel Kopersztych – No território do sangue, o lúpus estabelece as chamadas penias. Em 20% dos casos, a anemia hemolítica coincide com a ruptura dos vasos sanguíneos e a fragilidade dos glóbulos vermelhos, levando à anemia hemolítica auto-imune, uma manifestação da síndrome pré-lúpica. A paciente pode ir ao consultório do hematologista com esse problema e logo em seguida ou alguns anos depois manifestar o quadro clínico completo do lúpus eritematoso.
    Outra manifestação de penia mais incidente é a leucopenia, ou seja, a diminuição de glóbulos brancos, dos leucócitos. Em 40% dos casos, a leucopenia é traduzida pela produção de anticorpos principalmente dirigidos contra os neutrófilos, um tipo específico de glóbulos brancos, que hoje fazem parte do diagnóstico laboratorial do lúpus.
    Outra possibilidade é a ocorrência da plaquetopenia, ou púrpura trombocitopênica idiopática, uma lesão provocada por anticorpos contra as plaquetas que não tem etiologia definida e que pode preceder, em alguns anos, a instalação do lúpus.
    Essas penias são importantes e, muitas vezes, levam a paciente lúpica à esplenectomia, ou seja, à retirada do baço, porque os clínicos já sabiam de longa data que sem ele melhora a produção de glóbulos vermelhos. O baço funcionaria como uma esponja que reteria os anticorpos contra substâncias do sangue, e isso acentuaria a diminuição dos glóbulos vermelhos, brancos e das plaquetas. Retirando-se o baço, esses elementos seriam redistribuídos na circulação.
    Acontece que pacientes lúpicas infectam-se com muita facilidade. A experiência nas enfermarias mostra que a retirada do baço em pacientes que sofreram acidentes de automóvel ou em crianças com traumatismos abdominais coincide com grande número de infecções, principalmente por salmonelas, bactéria que antigamente causava o tifo. Por isso, a retirada do baço numa paciente lúpica deve ser bem analisada.

  • Gravidez nas pacientes lúpicas e outros critérios
    DrauzioE o nono critério?

    Samuel Kopersztych - É o critério imunológico. Essas pacientes apresentam uma reação falsamente positiva para sífilis e manifestam a síndrome anticoagulante lúpica que se caracteriza por trombose, embolias e abortos de repetição.

    DrauzioA gravidez é contra-indicada para as pacientes lúpicas?

    Samuel Kopersztych – Há um conceito difundido inclusive entre alguns médicos de que pacientes lúpicas não devem, não podem e não engravidam. Isso provém de um problema imunológico. Algumas dessas mulheres produzem anticorpos contra um constituinte especial chamado fosfolípedes, ou seja, substâncias com o radical fósforo do tipo gorduroso, situadas na circulação. Pacientes com esses anticorpos têm abortos recorrentes, outro sinal de pré-lúpus. 

    DrauzioElas engravidam e abortam repetidamente?

    Samuel Kopersztych – Além de abortos de repetição, essas mulheres têm coágulos em várias partes do corpo. Formam trombos no cérebro e formam êmbolos. Uma paciente lúpica que não tenha esse componente talvez possa ter uma gravidez normal. No entanto, naquelas com lesão renal, aumenta muito a possibilidade de abortos ou de dar origem a um feto com pouca chance de sobrevivência. Na verdade, algumas mulheres não têm dificuldade para engravidar, mas a gravidez pode ser tempestuosa e difícil e exige segmento pré-natal feito por especialista. 

    DrauzioComo você orienta uma mulher jovem com lúpus que quer ter filhos?

    Samuel Kopersztych – Acho que ela precisa ser informada do risco que correrá. Em 80% dos casos, pode haver uma piora da doença, ao contrário do que ocorre com a artrite que melhora durante a gravidez. 

    DrauzioVocê poderia citar o décimo e o décimo primeiro critério?

    Samuel Kopersztych – A incidência de pericardites (inflamação do pericárdio, membrana que envolve externamente o coração) e de pleurites (inflamação da pleura, membrana que recobre o pulmão) também podem ocorrer em pacientes com lúpus. Em 70% dos casos, a pericardite é subclínica e diagnosticada apenas nas autópsias. Esse é o décimo critério e o décimo- primeiro é o fator antinúcleo.
  • Exames laboratoriais
    DrauzioAlém do quadro clínico, o diagnóstico de lúpus conta com um quadro laboratorial bastante característico, não é?

    Samuel Kopersztych – O teste básico de laboratório é chamado pesquisa do fator antilúpus. O patologista vai pesquisar através de métodos de união antígeno-anticorpo com corante fluorescente. No exame de sangue comum, por meio dessa técnica, ele observa como cora o núcleo das células das pacientes lúpicas. Às vezes, cora difusamente; às vezes, em pontilhados pequenos e, às vezes, numa reação em anel. A resposta difusa indica lúpus benigno com lesão de pele e de articulações, mas sem comprometimento dos rins e do cérebro. Já, o achado em anel correlaciona-se com lesão renal e forte complexo auto-imune circulante. Portanto, esse simples exame de sangue não-invasivo dá ao clínico uma idéia do diagnóstico e do prognóstico. Se o fator antilúpus aparecer em alta concentração numa jovem, com quase toda a certeza, num futuro próximo, ela irá encaixar-se em todos os critérios de diagnóstico do lúpus.
  • Evolução da doença
    Drauzio Você citou formas de evolução mais lenta e mais acelerada do lúpus. O que determina tal diferença?

    Samuel Kopersztych – Quanto mais jovem for a mulher, pior será o diagnóstico. O lúpus dificilmente aparece em meninas que ainda não menstruaram. Em geral, o acometimento coincide com a época da menstruação e atinge mulheres na faixa entre 15 e 30 anos. Se não há lesão renal e cerebral no primeiro surto, trata-se do lúpus benigno caracterizado por lesões de pele, asa de borboleta, dor nas juntas, sintomas facilmente controláveis com medicação. É também provável que a paciente não apresente os problemas ligados com o passar da idade e morra de outra causa que não o lúpus.
    Se no primeiro surto, porém, ela manifestar lesão renal ou cerebral ou, o pior de tudo, as duas ao mesmo tempo, é sinal de mau prognóstico. Além disso, pesam fatores puramente imunológicos, por exemplo, a queda de algumas proteínas do sangue como complemento e o aparecimento de infecções. A evolução das pacientes no Hospital das Clínicas indica que o aparecimento de infecções é fator decisivo na evolução prognóstica da doença.
    Nos EUA, estatísticas mostram que a mulher negra tem evolução pior do que a branca. O que vimos no HC, entretanto, é que aqui há uma equivalência da doença entre mulheres brancas e negras.

  • Drauzio No passado, todos os casos de lúpus eram tratados com cortisona e seus derivados. Hoje, existem recursos mais eficazes, não é?

    Samuel Kopersztych – Temos recursos melhores, inclusive em relação à própria cortisona. Os corticóides modernos não são dotados de efeitos colaterais como aumento de pressão e grande retenção de sal e água. Outros podem ser injetados por via endovenosa. É o chamado pulso terapêutico que consiste em hospitalizar a paciente e infundir de uma só vez, numa única aplicação, grande quantidade de corticóide. 

    Drauzio Os pacientes suportam bem essa técnica terapêutica?

    Samuel Kopersztych – Suportam bem e a tendência à infecção é menor. O grande impulso, porém, foi conseguido com o advento de uma droga chamada ciclofosfomida, imunossupressor usado nos primórdios dos transplantes renais, e que pode ser aplicada nas pacientes com lúpus sob a forma de pulso. Outras drogas usadas inicialmente nesse tipo de transplante foram aproveitadas pelos reumatologistas para controlar a formação dos complexos imunes.
    Gostaria, ainda, de mencionar a plasmaferese, método terapêutico que pode ser aplicado quando a lesão renal está muito ativa. A doente é internada para retirar grande quantidade de plasma. Com isso, o hematologista elimina os complexos imunes circulantes em benefício da evolução benigna das lesões renais e cerebrais. 

    DrauzioContando com os recursos que temos atualmente, se for bem cuidada, uma mulher com lúpus têm condições de levar vida normal?

    Samuel Kopersztych – Com segmento ambulatorial bem feito, tem condições de levar vida normal. Lúpus é uma doença grave, especialmente se houver lesão renal e lesão cerebral, mas hoje podemos contar com um contingente terapêutico importante e com antibióticos mais modernos que protegem contra infecções e garantem sobrevida maior para essas pacientes.

    Disponível em: http://www.drauziovarella.com.br/ExibirConteudo/919/lupus

Senado encaminha à Câmara projeto que dispensa portadores de epilepsia e lúpus de carência para aposentadoria
O presidente do Senado, José Sarney, deve encaminhar nesta semana à Câmara dos Deputados projeto (PLS 293/09), aprovado pelos senadores, que dispensa os portadores de epilepsia e lúpus da carência de 12 meses de filiação ao INSS para receberem aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença. Aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) no último dia 11 em Decisão TerminativaÉ aquela tomada por uma comissão, com valor de uma decisão do Senado. Quando tramita terminativamente, o projeto não vai a Plenário: dependendo do tipo de matéria e do resultado da votação, ele é enviado diretamente à Câmara dos Deputados, encaminhado à sanção, promulgado ou arquivado. Ele somente será votado pelo Plenário do Senado se recurso com esse objetivo, assinado por pelo menos nove senadores, for apresentado à Mesa. Após a votação do parecer da comissão, o prazo para a interposição de recurso para a apreciação da matéria no Plenário do Senado é de cinco dias úteis. , o projeto não recebeu recurso para sua votação em Plenário até a última sexta-feira (dia 20).
Trata-se de uma proposta do senador Paulo Paim (PT-RS), que inclui as duas doenças no artigo 151 da Lei nº 8.213/91. Já têm direito aos dois benefícios, sem carência, os portadores de outras 12 doenças, entre elas tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, cegueira, paralisia irreversível, cardiopatia grave e Aids. Só podem reivindicar o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez pessoas que não apresentavam as doenças antes de se filiarem ao INSS.
As doenças mencionadas na lei são graves e tornam seus portadores incapazes para o trabalho, além de provocarem estigma, deformação ou mutilação. Durante a discussão do projeto na Comissão de Assuntos Sociais, o senador e médico Mão Santa (PSC-PI), relator da proposta, lembrou que todas as doenças dão direito a auxílio-doença ou podem levar à aposentadoria por invalidez, de acordo com sua gravidade e continuidade. No entanto, no seu entendimento, o lúpus e a epilepsia são graves e, portanto, a sociedade deve dispensar seus portadores do cumprimento da carência de 12 meses de filiação ao INSS.
O lúpus é uma doença de causa desconhecida, caracterizada por inflamações em muitos órgãos do corpo. Os pacientes podem apresentar sinais e sintomas como fadiga, anemia, febre, erupções, sensibilidade ao sol, perda de cabelos, artrites, problemas sérios no coração, nos rins, nos pulmões e no sistema nervoso central. A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas cerca de 60% dos casos se verificam em pessoas de 13 a 40 anos. Negros e asiáticos são populações de risco - são três vezes mais acometidos que os caucasianos. A incidência é de seis novos casos por 100 mil pessoas por ano para as populações de menor risco, e de 35 para negros e asiáticos.
Já a epilepsia provoca distúrbios de consciência ou de outras funções psíquicas, movimentos musculares involuntários e perturbações do sistema nervoso central. A crise epiléptica pode ser um simples embotamento da consciência ou levar a pessoa a apresentar convulsões. As crises de epilepsia costumam ocorrer nos primeiros anos de vida e as investigações registram que 0,5% da população em geral têm convulsões ativas, 3% sofreram crises em algum momento da vida e 9% apresentaram pelo menos uma convulsão na vida.
Eli Teixeira / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
 
Disponível em: http://www.senado.gov.br/noticias/verNoticia.aspx?codNoticia=104053&codAplicativo=2

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Transplante Renal

Sou portadora de LES e há 3 anos faço hemodialise. Fazia hemdialise em Natal/RN e há 7 meses fui morar em Fortaleza/CE e me cadastrei na central de transplante de lá. Ontem vim para Natal rever meus irmãos e meu pai, farei uma semana de dialise na antiga clínica e soube de uma triste notícia. O motivo q me fez ir para Fortaleza era a falta de transplantes com doador cadáver em Natal, e hj conversando com a assistente social da clínica constatei que o quadro quase não evoluiu, diferentemente de Fortaleza.

Beijos e Bom fim de semana!
Isa

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Corticosteroides podem ser mais eficazes no controle do lúpus


Uma equipe de pesquisadores do UT Southwestern Medical Center, nos Estado Unidos, descobriu o porquê doses elevadas de corticosteroides, consumidos ao longo de várias semanas, podem ajudar pessoas com lúpus, doença inflamatória crônica que afeta mais de um milhão de americanos. Os corticosteroides são indicados rotineiramente para tratar a inflamação em pacientes com lúpus. As drogas, no entanto, podem causar indesejáveis efeitos colaterais, incluindo ganho de peso e acne, quando tomadas por longos períodos de tempo. Em um estudo, publicado em uma edição recente da revista Nature, pesquisadores da UT Southwestern e de outras instituições mostraram, nas células do sangue, que doses muito elevadas de corticosteroides intravenosos são mais eficazes na eliminação das células afetadas pelo lúpus.  Os cientistas utilizaram células de pacientes com lúpus, bem como modelos animais de lúpus.Para a doutora Marilynn Punaro, professora de pediatria da UT e co-autora do estudo, a indicação de corticosteroides, precoce ou no curso da doença, sugere ser mais eficaz para o controle do lúpus do que o tratamento padrão.  "Esta descoberta sugere que, ao fazer isso, poderemos ser capazes manter a doença sob controle com maior rapidez e os pacientes poderão experimentar menos efeitos secundários a longo prazo. "O lúpus é uma doença auto-imune, debilitante, em que o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do corpo e órgãos, incluindo as articulações, rins, coração, pulmões, cérebro, sangue e pele.  A Lupus Foundation of America estima que 1,5 milhão de americanos têm a doença, que afeta todas as faixas etárias e é de 10 a 15 vezes mais provável em mulheres adultas do que os homens adultos. A doutora Punaro disse que a equipe espera que este estudo conduza a recomendações sobre formas de tratar pacientes com lúpus mais eficazes. O próximo passo, segundo ela, é usar a lógica científica do papel como base para um ensaio clínico que compara pacientes que recebem a terapia mais intensa com aqueles que começam a terapia padrão.

Na espera

Espero pelo transplante renal aqui em Fortaleza e ontem pela quinta vez o Hospital Geral me ligou, mas como meu lúpus está em atividade, o transplante n pode ser realizado, mas não desanimo! Fé em Deus sempre!

Beijos
Isa

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Reflexão

Antes de chorar sobre os limites que possui, antes de reclamar de suas inadequações, e fadar o seu destino ao fim, aceita o desafio de pousar os olhos sobre este aparente estado de fraqueza, e ouse acreditar, que mesmo em estradas de pavimentações precárias, há sempre um destino que poderá nos levar ao local onde o sol se põe tão cheio de beleza.

...

Não tenho nada que me prove a existência de Deus, mas mesmo assim Ele continua sendo o absoluto dos meus dias. Nunca choveu maná no quintal da minha casa e a imagem da Virgem Maria nunca derramou uma lágrima. O que tenho aqui é esta mão machucada, este dedo sangrando, este nó na garganta, este humano desconsolo, esta dor, esta cor e este olhar desconcertante de Deus deixando-me sem jeito ao dizer que me ama. 

Pe. Fábio de Melo

terça-feira, 24 de agosto de 2010

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO - ABC da Saúde

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO - ABC da Saúde

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Avanço no tratamento do lúpus permite que portador
viva melhor
O lúpus, uma doença auto-imune, se caracteriza pela produção pelo organismo de substâncias que atacam órgãos vitais como pele, coração, rins, pulmão, articulações



Lúpus é uma doença auto-imune na qual o organismo produz anticorpos que atacam os próprios tecidos. A substância pode atingir qualquer órgão, como pele, articulações, rins, coração, fígado, pulmão, cérebro e olhos. Em 90% dos casos, porém, ataca a pele e as articulações.
Manifesta-se em especial na população feminina em idade fértil; a proporção é de nove para um, ou seja, a cada homem atingido existem nove portadoras. A explicação pode estar no hormônio feminino, reconhecido como um fator ambiental importante que pode não só desencadear a doença como também induzir a recaídas. Pessoas que têm casos de lúpus na família apresentam maior risco de desenvolvê-lo. Nos Estados Unidos, é mais frequente nos afroamericanos, depois nos hispânicos e, por último, nos brancos. Infelizmente, não há estatísticas sobre a doença no Brasil. Sabe-se, contudo, que é rara. Só para se ter uma ideia, hoje cerca de 1200 pacientes são atendidos gratuitamente no Hospital das Clínicas, em São Paulo. O serviço público de saúde, como se vê, já tem tratamento gratuito de lúpus. Nesse caso, é importante consultar um reumatologista, o especialista nessa doença. Uma alternativa é procurar os grandes hospitais ou os ligados às Faculdades de Medicina existentes nas capitais e em grandes cidades Brasil afora.

Não é fácil diagnosticar a doença, porque ela pode ser confundida com muitas outras. A comprovação é feita com exame clínico e de sangue, por meio do qual se detecta a presença dos anticorpos. Entre os sintomas mais comuns estão: lesões na pele, especialmente em regiões expostas como o rosto; sensibilidade aumentada ao sol; dores articulares e inflamação em especial nos punhos e nas articulações das mãos. O diagnóstico fica mais difícil quando a doença ataca apenas um órgão ou apresenta sinais e sintomas inespecíficos, como fadiga ou queda de cabelo. Às vezes ela se manifesta, por exemplo, por meio da inflamação de uma membrana do coração; outras vezes, simplesmente por psicoses como a depressão. Nesses casos, é comum a demora na confirmação
do diagnóstico.

Até os anos 1950, quem tinha lúpus era estigmatizado. Também nessa época, metade dos portadores morria em cerca de cinco anos. A doença ainda pode matar, mas o diagnóstico precoce e a melhora no tratamento aumentaram bastante a sobrevida, que hoje chega a mais de 10 anos em 90% dos casos. O tratamento atual consiste no uso de glicocorticoides e imunossupressores. Os primeiros provocam muitos efeitos colaterais, como diabetes, catarata e aumento da pressão arterial, além de elevarem o risco de fraturas. Algumas dessas complicações felizmente podem ser minimizadas; para reduzir o risco de fratura, por exemplo, se indica a ingestão de vitamina D e cálcio.

Outra novidade, que surgiu nos últimos anos, é a chamada terapia dirigida. São novos medicamentos que combatem células específicas, poupando as demais e prejudicando menos a imunidade do paciente. Um dos benefícios dessa terapia é que provoca menos infecções, uma das principais causas de morte de portadores. Todas essas medidas objetivam aumentar a qualidade de vida dos pacientes.

* Eloisa Bonfá (CRM 42708) é médica reumatologista chefe do Ambulatório de Lúpus do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, na capital paulista, e professora titular da Disciplina de Reumatologia da mesma entidade de ensino. Email: reumato@usp.br


domingo, 22 de agosto de 2010

Tristeza: LES

Borboleta que não voa,
Incerteza e desilusão.
Vaguear num mundo à toa,
Entre a dor e a solidão.
E nesses dias passados,
(Criança por Deus magoada!)
Viste o teu mundo ser mudado.
Instalaram-se em ti as trevas,
Amaldiçoas a luz que te fere
E odeias a vida que levas!
Clamas aos céus por justiça,
Buscando uma força divina.
O mundo perdeu-te nas voltas
E fez a poetisa, ainda menina
Para cantar tamanha revolta.
“Porquê eu? Porquê vocês?”
Pergunto a minh’alma dolorida,
Tentando manter a lucidez.
São tantas as portas que nos fecham,
Sem aviso prévio, nem motivo.
Quase como flechas que atravessam
Um pássaro que tomba, ferido.
Resta-nos somente a fé inabalável,
De Anjos de Luz, por nós velando.
Operando milagres no impensável,
Nos hospitais, as dores acalentando.
Sou menina mulher, louca e incompleta,
Que já não sente vontade de sonhar.
Lúpus: tens asas de borboleta,
Mas nunca me fizeste voar...

(Paula Correia)


Ler mais: http://www.luso-poemas.net

sábado, 21 de agosto de 2010

Minha história

Tenho 31 anos, professora, descobri o LES aos 19 anos. De início, dores nas articulações, foi diagnosticado artrite reumatóide, 8 meses depois apareceram as famosas manchas no rosto e a cada dia um problema. Há 3 anos veio a hemodiálise e hj aguardo pelo transplante renal de doador cadáver. Nesses anos todos foram muitos altos e baixos, vitórias e decepções, desânimo, melhoras, mas sempre recomeçando, me adaptando, aprendendo tudo de novo, aprendendo a viver com as limitações, com a rotina dura de dietas e medicamentos, internações, agulhas. Este ano já fui chamada 4 vezes para o transplante, por causa do lupus e das transfusões de sangue meu cross match sempre dá positivo e no momento, com o lupus em atividade não posso transplantar, mas estou na luta, me tratando, me cuidando e sem perder a fé e a esperança!

beijos
Isa

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